Chuva, vento, frio e força, uma combinação perfeita para uma grande tempestade. Deitado num banco da única praça da cidade o garoto de doze anos gemia de medo e fraqueza, seu corpo já quase não suportava tanta dor e sofrimento. A chuva quase o impedia de respirar, o vento surrava sua pele, o frio o fazia tremer dos pés a cabeça e a força de tudo isso era demasiado grande para aquela estrutura física raquítica. E ele continuava a gemer, cada vez mais.
Toda tempestade forte passa rápido mas é claro que para o garoto estava demorando séculos. Um século consiste de cem anos, cem anos consiste de aproximadamente trinta e seis mil e quinhentos dias, e todos esses dias consistem de mais de oitocentos e setenta e seis mil horas. Sim, é muito tempo.
No entanto o século chegava ao fim e agora já via-se o som da enxurrada entrando pelas bocas de lobo. Ainda chovia, muito pouco.
O som de um portão chamou a atenção e o fez levantar-se num pulo do banco para ver quem estava saindo na chuva. Um outro garoto, aparentemente da mesma idade que a sua, saia com um guarda-chuva grande ocultando seu rosto. Ele atravessou correndo o asfalto até chegar bem perto do banco onde o outro aguardava em pé. Dois corações acelerados, o guarda-chuva foi jogado para o lado e estabeleceu-se um contato visual entre os garotos.
Os olhos tem um poder impressionante de diálogo, é tão forte que dizem coisas que existem em nós e pouco conhecemos. Os dois garotos por algum motivo existente nos corações mais sensíveis e inteligentes, tremiam emocionados. Não precisaram saber o nome um do outro para de repente começarem a correr juntos pela chuva, subirem nas árvores, caírem, tirarem a camisa e gritar. Cansaram e deitaram-se no chão, ainda chovia bem leve e ficaram ali sentindo os pingos de água no rosto, a sensação era única...
Uma tempestade como aquela não se via há muito tempo na cidade, com seus doze anos o garoto presenciara pouco daquilo na vida. O ruído do vento era forte mas tornava o ambiente da casa mais aconchegante e ele curtia o ventinho gelado.
Da janela do seu quarto ele notou o morador de rua deitado num banco de concreto na praça defronte a sua casa aparentando ter a mesma idade que a sua, doze anos. Era tão sozinho no mundo e parecia tão triste. Por que alguém deve sofrer tanto na vida? Se isto era uma pergunta ingênua então as vezes é bom de mais ser um ingênuo por que surgem ações muito bem elaboradas e importantes na vida.
Ele teria agido antes se a tempestade não fosse tão forte e sua mãe o privasse de sair aquele momento mas assim que a forte tempestade cessou um pouco, o garoto pegou o guarda-chuva grande que ocultava seu rosto e saiu para a rua.
Não sabia ao certo o que gostaria de fazer mas qualquer coisa teria que ser feito. Correu em direção do outro que se levantava do banco e o encarava com curiosidade. Ao sentir o corpo aquecido e cheiroso pronto para se lavar, jogou o guarda-chuva no chão e o prazer de se divertir apoderou-se do jovem. Eles agora encaravam-se silenciosamente dizendo milhões de coisas um para o outro. Aquela chuva era gostosa de mais para ser desperdiçada.
Fanuel Ferreira
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
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Ópa Fanuel, obrigado pela visita... Aliás, como me descobriu? Hehehehe
ResponderExcluirGostei muito da sua escrita. Posso passar aqui mais vezes né? Vamos manter contato
obrigado André, sempre que passar por aqui será muito bem vindo...
ResponderExcluirabraçõs
Ah tá, Bj roubado eu assisti sozinho no cinema acredita? Maior deprê kkkk
ResponderExcluirMeu msn deco.232@hotmail.com
Mas num é sempre que to on line ok? Abraçao
sozinho?? UAU! rsrs
ResponderExcluirmas o filme é ótimo, não é??
e além desse vc tem uma lista ótima de filmes!!
abraços