São dez horas da noite e uma Lua Cheia clareia a sala da minha casa. Estou sentado no sofá exausto depois de mais um intenso dia de estudos. Acabei de tomar banho e jantar, agora o que me resta é dormir para começar o outro dia bem animado. Mas algo está me impedindo de descansar, uma necessidade de fazer uma coisa... o meu auto-retrato.
Corro então até meu armário e na última gaveta pego algumas folhas de desenhar, um lápis e uma borracha, volto para a sala e deposito todos esses instrumentos na mesa. Fecho os olhos e me concentro pra fazê-lo com o máximo de resenha.
Os primeiros rabiscos formam a margem do meu rosto que considero dentro do padrão pois não há nada que alguém possa chamar de anormal. Agarro a borracha na tentação de apagá-lo para corrigir qualquer coisa, mas não o faço. Imediatamente traço mais alguns rabiscos e logo forma-se meu corpo adolescente acompanhado de uma mão esquerda indecisa. Percebo então que meu auto-retrato começa a se formar pois a indecisão, algo de minha personalidade, já foi colocada no desenho.
Agora corro o lápis até o lado direito e construo a outra mão. Esta está escondida dentro do bolso da minha calça jeans ocultando alguns dos meus segredos tolos e vários planos que tentei executá-los e ao fazê-lo me decpionei descobrindo que eram falíveis.
Termino a calça e começo a desenhar os pés. Penso em um lindo par de tênis que quero muito ter, isso tornaria mais sofisticado minha imagem, mas rapidamente mudo de idéia. Se desenhasse o desejado tênis estaria fugindo um pouco da minha realidade e o auto-retrato perderia um pouco da veracidade. Olho então para os meus pés e os desenho assim como os vejo; limpos, unhas cortadas e chinelo de dedo. Nunca consigo desenhar os dedos, tem muitos detalhes e sempre saem tortos, no entanto me sinto capaz desta vez e o desenho melhora muito. Observo atentamente aqueles pés resistentes e fortes e sei que estão prontos para percorrerem estrada suficiente até que eu consiga me tornar o melhor em minha carreira.
O desenho está quase pronto, só que falta a parte mais complexa. Agora tenho que traçar minhas expressões faciais. Subo o lápis até aquele vácuo dentro do meu rosto e não nego que em meu olhar há uma grande quantidade de hipocrisia, eu sou um hipócrita!
Quando termino os olhos construo as sobrancelhas grossas e franzidas que compõe a minha idéia. Desenho o nariz sem pensar muito pois a única coisa que me lembro quando penso nele é de uma pancada que me desmaiou por alguns minutos. Falta então a boca e nela preciso pensar. Sei que deseja muito aquele ser, que apesar de tão próximo, em questão de segundos torna-se saudoso. Desenho-a então com os lábios entreaberto esperando ansiosa mais um beijo. Seu beijo jamais será supérfluo...
Finalizo o desenho com meu cabelo que está sempre curto. O desenho está pronto.
Deixo o lápis deslizar pelos meus dedos e fico olhando para mim. Que garoto sombrio! Cheio de desejos, coragem, falsidade, paixão, medo. Enfim, eu.
Guardo o desenho na bolsa de escola e vou dormir. O sono vem a tona pois é muito difícil e exaustivo construir seu auto-retrato, ele pode revelar quem você realmente é.
Fanuel Ferreira
domingo, 21 de dezembro de 2008
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caraca ...muito bom....vo fazer meu auto retrato rsrs...ate mais fanu
ResponderExcluirfaça sim, descobrirá muito de você mesmo...
ResponderExcluirum auto retrato! nem sempre é facil fazer! a pessoa precisa se conhecer de uma certa forma!precisa aceitar a forma q é! precisa ser inteligente ao ponto de desenha o q ve no espelho! e nom simplesmente o q quer ver! vc fanuel é uma pessoa q pra ter um auto retrato mais q perfeito! nom nom precisa nem mentir! pois vc é! rsrs
ResponderExcluiré um texto mto lindo!! q eu vo guada pra sempre na memória!! mais uma perguntinha!! esse auto retravo vc realmente fez! ou existe só no texto??
Bjo
te adoro*
Oi, adorei suas observações.
ResponderExcluirBem, de certa forma o auto-retrato foi feito no texto, mas não tenho um desenho como esse que descrevi... mas não estou longe de fazer um. Só falta desenhar... rsrs
beijos